Despesa do Departamento de Futebol dos Clubes Brasileiros em 2011
A Consultoria BDO RSC, através de sua secção de Esporte Total, revelou recentemente os gastos com o Departamento de Futebol dos 20 clubes brasileiros que mais arrecadaram em 2011. Esse grupo seleto do Futebol Brasileiro chegou à marca de R$ 1.55 bilhões em despesas com seu departamento mais importante. Esse valor representa um aumento de 17,6% quando comparado aos R$ 1,31 bilhão de 2010. Quando se olha um pouco mais para trás, no ano de 2007, esses gastos foram de R$ 869 milhões, o que significa um aumento de 78% nos últimos cinco anos.
Custo do Futebol Perante Receita Total
Uma relação importante de se observar é o quanto as despesas com o Departamento de Futebol representam das Receitas Operacionais dos clubes, uma medida de eficiência da gestão das instituições. Como as despesas com o Departamento de Futebol desses clubes tem crescido mais do que suas receitas operacionais, esse índice vem aumentando desde 2007, porém registrou um recuo de 78,3% em 2010 para 72,4% em 2011. As receitas de 2011 foram parcialmente impactadas pelo novo contrato de transmissão dos jogos da Serie A do Campeonato Brasileiro que já foi em parte antecipado nos resultados desse ano e cresceram 27% em R$ (reais), como pode ser visto no artigo “Receitas dos Clubes Brasileiros em 2011”. Além disso, as despesas não acompanharam esse aumento em 2011 e os Clubes não gastaram todo o incremento de receita com seus Departamentos de Futebol.
Fonte: BDO
Em 2011 os Clubes do futebol brasileiro apresentaram um incremento nos gastos com seus Departamentos de Futebol que superou os R$ 230 milhões, de longe o maior incremento anual dos últimos cinco anos, sendo a maior parte desses gastos com salários. Isso mostra que os Clubes já começaram a praticar outro nível de gastos no que diz respeito à remuneração de seus atletas, ou seja, o incremento da receita vindo de um novo contrato de transmissão de jogos que mudou o patamar das receitas dos Clubes já está impactando o nível de preços do mercado futebolístico brasileiro. Isso mesmo antes do contrato supracitado entrar em vigor, o que mostra a antecipação desse fluxo futuro por parte dos Clubes.
Despesas do Departamento de Futebol dos Clubes Brasileiros em 2011
Clube | UF | Custo Futebol 2011 | Custo Futebol 2010 | Var. % 2010-11 | Custo Futebol 2007 | Var. % Ultimos 5 Anos 2007-11 |
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Corinthians | SP | 197.386 | 153.399 | 28,7% | 114.759 | 72,0% |
Internacional | RS | 147.500 | 136.507 | 8,1% | 107.664 | 37,0% |
São Paulo | SP | 145.883 | 132.083 | 10,4% | 110.517 | 32,0% |
Santos | SP | 142.421 | 87.150 | 63,4% | 61.388 | 132,0% |
Palmeiras | SP | 115.856 | 151.900 | -23,7% | 62.288 | 86,0% |
Flamengo | RJ | 108.616 | 69.273 | 56,8% | 55.416 | 96,0% |
Grêmio | RS | 96.271 | 93.693 | 2,8% | 54.085 | 78,0% |
Atlético | MG | 91.317 | 70.408 | 29,7% | 43.278 | 111,0% |
Cruzeiro | MG | 88.831 | 77.250 | 15,0% | 51.052 | 74,0% |
Vasco da Gama | RJ | 78.547 | 69.331 | 13,3% | 37.582 | 109,0% |
Fluminense | RJ | 64.203 | 54.823 | 17,1% | 35.471 | 81,0% |
Botafogo | RJ | 59.626 | 42.323 | 40,9% | 25.924 | 130,0% |
Coritiba | PR | 50.270 | 31.488 | 59,6% | 11.477 | 338,0% |
Figueirense | SC | 35.818 | 18.350 | 95,2% | 14.270 | 151,0% |
Goiás | GO | 26.828 | 29.799 | -10,0% | 24.389 | 10,0% |
Vitória | BA | 23.441 | 23.116 | 1,4% | 12.021 | 95,0% |
Portuguesa | SP | 19.947 | 22.036 | -9,5% | 13.298 | 50,0% |
Ponte Preta | SP | 19.850 | 22.017 | -9,8% | 10.285 | 93,0% |
São Caetano Ltda | SP | 18.651 | 14.364 | 29,8% | 18.285 | 2,0% |
GR Barueri(Prudente) | SP | 14.349 | 15.202 | -5,6% | 5.035 | 185,0% |
TOTAL | 1.545.611 | 1.314.512 | 17,6% | 868.487 | 78,0% |
Valores em R$ mil
Fonte: BDO
Momento de Euforia e Antecipação de Recursos
Os clubes europeus, historicamente os principais clientes do futebol brasileiro em termos de transferência de atletas, passam por um momento de contenção de gastos, tendo em vista a situação econômica do velho continente que tem impactado as receitas daquela região. Já é possível ver um movimento inverso tomando força, onde os atletas brasileiros passam mais tempo atuando em campos nacionais do que indo jogar no exterior precocemente, além de jogadores consagrados voltando a atuar em solo brasileiro antes do que se via há alguns anos atrás. Quando o valor “cheio” das receitas de transmissão começar a entrar nas contas dos Clubes, esse movimento pode se tornar regra e a indústria esportiva verificar uma mudança em como o mercado funciona. Esse é um cenário que pode se tornar perverso para as principais instituições do futebol brasileiro se elas não souberem controlar seus gastos.
Um exemplo que vem se materializando no presente é o contrato do C. R. Flamengo com seu principal atleta, Ronaldinho Gaúcho: expectativas infladas com relação ao astro fizeram o Clube assinar um contato com remuneração mensal milionária que há alguns meses não vem sendo cumprido pelo contratante. Dentro de alguns anos outros clubes podem começar a demonstrar dificuldade de honrar seus compromissos firmados ao longo de 2011 única e exclusivamente por terem se comprometido a gastar em demasia quando o momento era de empolgação e não terem se preocupado com a gestão de caixa do Clube. Parcimônia em momentos de euforia não pode ser considerada um pessimismo exagerado e sim uma decisão estratégica para não encontrar problemas no futuro.
Por Futebol Finance, 19/06/2012
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