Por Amir Somoggi
Ao longo dos últimos anos venho analisando o desempenho dos times brasileiros com as receitas geradas com seus jogos.
Para analisar esse dado considero as receitas geradas com bilheteria, sócio torcedor e outras explorações do estádio/arena, no caso de alguns clubes que disponibilizam essa informação.
Esse modelo de análise adequa o mercado brasileiro ao que já se faz há décadas no mercado europeu e norte-americano, com o conceito de matchday revenue.
Depois de uma forte expansão nos últimos anos com as novas arenas, o mercado no Brasil sofreu sua primeira retração em cinco anos.
Em 2015, todo o mercado de clubes faturou R$ 795 milhões com os estádios, valor que caiu 8% em 2016 atingindo R$ 735 milhões.
Estes números poderiam ser maiores não fosse a ausência de informação das receitas de clubes importantes, como Corinthians e Grêmio, que não disponibilizam dados de bilheteria. Ambos, por conta de seu modelo de parceria para a gestão de suas novas arenas não ingressam recursos de bilheteria.
O clube que mantém a liderança no ranking de receitas com estádio é o Palmeiras, que faturou R$ 103,9 milhões em 2016, queda de 13% em relação a 2015. Em 2014 as receitas do clube eram de apenas R$ 35,1 milhões.
Em segundo ficou o Internacional com faturamento de R$ 75,3 milhões, redução de 11% na comparação com o ano anterior. Chama a atenção o clube gaúcho ter caído para a segunda divisão, mesmo com esse volume elevado de receitas.
Em terceiro no ranking aparece o São Paulo com R$ 68,3 milhões, aumento de 7% em relação a 2015. O tricolor é único clube que mesmo sem mandar suas partidas em uma nova arena consegue se manter no topo dos clubes que mais faturam com seus jogos no Brasil.
Na quarta posição ficou o Flamengo com R$ 65,8 milhões, com redução de 10% na comparação com 2015 quando gerou R$ 73,3 milhões.
Na sequência aparece o Grêmio com R$ 53,0 milhões, aumento de 15%, Atlético-MG com R$ 47,1 milhões crescimento de 24% e Atlético-PR com receitas de R$ 42,3 milhões, evolução de 17%.
Os dois Atléticos e o Grêmio foram os clubes que apresentaram os maiores crescimentos com seus jogos no Brasil no ano passado.
Chama muito a atenção a queda acentuada do Cruzeiro, que em 2014 faturou R$ 85,8 milhões e liderou o ranking e no ano passado gerou apenas R$ 31,4 milhões com seus jogos.
A queda nas receitas do mercado em 2016 foram causadas por vários motivos.
O primeiro deles foi o fim do efeito novidade das novas arenas, já que muitos clubes naturalmente viram suas receitas caírem, mesmo com bom desempenho.
O segundo fator foi a crise do país, que afetou o poder de consumo dos torcedores, especialmente na aquisição de ingressos.
Outro motivo foram os problemas de alguns clubes com o local de seus jogos, como o caso do Flamengo e Fluminense, que viram suas receitas caírem por problemas com o Maracanã e o Botafogo com o estádio Nilton Santos.
E finalmente o problema crônico do futebol brasileiro, já que os ganhos com os jogos estão intimamente ligados ao desempenho dos times nas competições.
Fator que somente vai ser resolvido com a presença da venda antecipada das cadeiras, como escrevi aqui na semana passada.
Distância para a Europa é brutal.
O mercado global de exploração de arenas movimenta mais de R$ 160 bilhões por ano.
O mercado brasileiro representa irrisórios 0,46% do total.
Uma gota em um oceano de gigantescas receitas. Manchester United é o clube que mais fatura com estádio na Europa e gera mais de R$ 480 milhões por ano. Na sequência aparece o Arsenal com R$ 468 milhões, Real Madrid com R$ 425 milhões e Barcelona R$ 425 milhões.
Apenas dois clubes da Europa movimentam muito mais dinheiro com seus estádios do que todos os clubes brasileiros juntos.,
Perdemos de goleada!